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Charges, tirinhas e obras de arte: professores explicam questões ilustrativas no Enem

Atenção ao conteúdo e a figuras de linguagem são algumas das dicas
Charges, tirinhas e obras de arte: professores explicam questões ilustrativas no Enem

Charges, tirinhas e obras de artes são figuras carimbadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que aparecem em todas as edições da prova em diferentes áreas de estudo. É comum ver esses materiais ilustrativos introduzirem questões de linguagens, humanas e, até mesmo, exatas. Sejam elas um recorte da Turma da Mônica, uma famosa tirinha de Mafalda ou O Grito, série de pinturas de Edvard Munch, todas têm um mesmo objetivo: testar a capacidade do estudante de observação, interpretação e associação com o tema proposto na questão.

Por isso, o CORREIO conversou com professores sobre a importância de saber interpretar essas linguagens e com alunos que contaram como se preparam para questões do tipo. Os professores afirmaram que, apesar de, tradicionalmente, serem mais fáceis, as questões acompanhadas de ilustrações não perdem valor para os candidatos, já que no Enem as questões simples têm mais peso.

Segundo eles, é importante que os alunos se mantenham atentos, não caiam na armadilha de, por se tratar de linguagens muitas vezes carregadas de humor, não levar a sério a questão e observem características sutis dessas linguagens, em que, normalmente, se encontra a resposta (veja mais dicas na página ao lado).

Recorrentes
As questões que têm como “textos incentivadores” tiras, charges, cartoons e até obras de arte não são novidade. Ano após ano, elas estão lá, desafiando a interpretação de quem presta o exame.

E não é por acaso. Segundo Alex Valadares, professor de Língua Portuguesa e Redação, esses gêneros textuais são constantemente inseridos pela característica do exame de trazer textos que circulam na sociedade.

“É comum ver  esses textos de jornais, revistas, quadrinhos, charges e tirinhas. Tudo para que o aluno mostre capacidade de entender esse jogo semântico que os elementos trazem para as questões. O Enem é uma prova de competências e habilidades e faz parte desse tipo de prova testar esses dois pontos de maneira diversa até quando se trata de gênero textual”, explica.

Valadares afirma que questões ilustrativas fazem com que estudantes compreendam o jogo semântico (Foto: Acervo Pessoal)

É justamente pelo caráter permanente destes elementos em questões que Valadares orienta os alunos a terem atenção. O professor afirma que essas questões são, normalmente, mais fáceis. Mas que é por isso mesmo que precisam estar no radar de estudo dos candidatos.

“Essas questões são fáceis, mais simples. Por isso, os alunos devem fazê-las primeiro. Já que, se você não acertar as mais fáceis, a sua nota cai e esqueça passar no Enem. É assim que funciona a avaliação. Então, é importante praticar esse tipo de questão para não ter problema com elas e a chave da interpretação é a prática. Quanto mais você faz, melhor você fica nela”, aconselha.

Luís Alberto Pereira, também professor de Língua Portuguesa, concorda com Valadares e afirma que questões envolvendo ilustrações têm um peso importante para a nota do exame. Por isso, reforça a necessidade de que os estudantes estejam bem concentrados ao fazê-las.

“Nesse tipo de formulação, o aluno precisa ter cuidado porque esses textos incentivadores podem pedir para que ele analise o aspecto não verbal ou a intenção comunicativa do diálogo. E, se não prestarem atenção nesses comandos, é provável que ele tenha dificuldades. Capacidade de observação e interpretação é fundamental”, alerta.

Interdisciplinares
Outro ponto abordado por Pereira é a presença de questões com ilustrações nas ciências humanas e até nas exatas e da natureza. De acordo com ele, apesar das charges, tirinhas e obras de artes serem comuns na prova de linguagens, elas estão inseridas em outras áreas do Enem.

“As questões que envolvem tiras, charges, cartoons, pinturas, estátuas e fotografia estão dentro do contexto de linguagem. Só que esses gêneros textuais vão perpassar também por humanas, exatas e naturais. É uma característica de linguagem, mas passa pelas outras também”, diz Pereira, ao declarar que o material ilustrativo pode definir questões em todas as ciências cobradas no Enem além de linguagens, principalmente na prova de humanas.

Quem confirma o que ele diz é Carlos Nazaré, professor de História, que afirma que as charges e tirinhas são usadas na área de humanas e em questões de História não só pelo Enem como por outros vestibulares também.

Nazaré diz ainda que as ilustrações são importantes testes para os estudantes. “Esses elementos como parte das questões são fundamentais pois fazem com que os alunos, através da visualidade, pensem sociedade, política, ideologia e cultura. No caso das obras de artes, que são muito utilizadas em questões de História, elas são interessantes porque testam se o aluno consegue associar contextos históricos com obras que atravessam a realidade em que foram produzidas”, defende.

Carlos Nazaré afirma que questões de história podem ser introduzida por ilustrações (Foto: Acervo pessoal)

Orlando Pereira Neto, professor de Geografia, reafirma que as tirinhas podem estar em todas as ciências cobradas na prova e acrescenta ilustrações comuns do exame. “Dá pra aparecer nas quatro provas. O primeiro eixo cognitivo do Enem é dominar a linguagem. É um eixo que se estende por toda prova e que passa também pela Geografia não só com essas linguagens como gráficos e mapas, que são gêneros não textuais e aguçam a capacidade interpretativa dos candidatos”, explica.

Atenção
Ao CORREIO, estudantes mostraram estar cientes da importância de dominar a interpretação dos elementos não verbais citada pelos professores.

Em fase final de preparação para realizar o exame, afirmaram que costumam responder questões do tipo regularmente. É o caso do aluno Pedro Paiva, 17 anos, que quer fazer Engenharia de Minas.

“Acho muito importante que questões tenham tirinhas, charges e outros elementos não verbais porque incentivam o maior desenvolvimento da nossa interpretação e atestam melhor o conhecimento de quem realiza a prova. Para me preparar, faço muitas questões que tenham ilustração. Acho que me deixa mais preparado para quando elas caírem na prova”, afirma.

O aluno Pedro Paiva sabe da importância de estudar questões ilustrativas (Foto: Nara Gentil/CORREIO)

Anna Vieira, 16, que presta o exame em 2021 para fazer Biomedicina, pensa de maneira parecida com a de Paiva. Isso porque entende que é nítido que os elementos visuais são parte consolidada da prova, o que faz com que ela se prepare para não ser pega de surpresa diante de questões não verbais.

“É notório que charges, tirinhas e outras ilustrações caem frequentemente no Enem. A partir disso, é importante a nossa preparação para garantir uma boa nota. Eu me preparo através do treino de questões interpretativas. Treino para adquirir habilidades de interpretar essas questões que são cobradas em todo Enem”, opina.

Anna Vieira quer fazer Biomedicina (Foto: Acervo Pessoal)

Quem também está ligada na reincidência das questões é Marianne Araújo, 20, que quer cursar Medicina e está atenta ao uso de elementos visuais nas questões de língua portuguesa.

“Questões ilustrativas caem toda hora. Principalmente na prova de linguagens. Estar ciente de assuntos da língua portuguesa como ironia , hipérbole, metáfora, pleonasmo, personificação é bom pra a gente não se perder nas questões. Além de testar [nosso conhecimento da] internet, exploram o senso crítico dos alunos, já que se relacionam com a nossa realidade. Acho que por isso sempre estão entre as perguntas e a gente tem que estudar tanto”, afirma a estudante, já ansiosa para a prova.

Confira dicas:

Para quem não está tão preparado e se sente inseguro em questões que cobram a interpretação de elementos ilustrativos, o CORREIO pediu dicas aos professores para que os estudantes se preparem nos estudos e encarem as questões no grande dia.

Observação e atenção

Carlos Nazaré explicou para a nossa reportagem que, na maioria de questões do tipo, as imagens vêm acompanhadas de várias dicas sutis, que podem mudar a experiência do candidato com a questão. “Em alguns casos, até a fonte de onde foi tirada a ilustração ou o ano em que foi produzida te ajudam a entender do que ela se trata. Por isso, é necessário ser minucioso ao observar esse tipo de pergunta”, fala.

Conhecimento de conteúdo

Para Orlando Pereira Neto, uma dica valiosa para os alunos é lembrar sempre que as questões não vêm do nada, que elas estão ligadas a conteúdos já vistos por eles. “Fundamental que o aluno não deixe o conhecimento que ele adquiriu durante todo ensino médio de fora da equação. As questões são interpretativas, é claro. Mas a ligação delas com um conteúdo que você domina pode te deixar muito mais perto da resposta correta”, orienta.

Associar com a realidade

Alex Valadares lembra da característica marcante do Enem de conversar, nas questões, com o contexto político, econômico e social que o Brasil e o Mundo atravessam na aplicação da prova e afirma que estar atualizado sobre os acontecimentos que influenciaram nisso é fundamental. “É o mínimo que se pede do estudante. Ele precisa ter a capacidade de ver uma tirinha, que por muitas vezes carrega polissemia e ironia, e entender a que ela se refere, o que ela aponta”, diz

Levar questões a sério

Por terem o elemento do humor, Luís Alberto Pereira acredita que as charges e ilustrações podem levar os candidatos para um caminho perigoso: o relaxamento. Ele ressalta a importância de se manter concentrado nessas questões. “Por conta do caráter ilustrativo e humorístico, é comum que os alunos cheguem mais relaxados e acabam se levando pela graça do que está dito. Então, aconselho que cuidem para que leiam as questões com o mesmo olhar atento, sem se distrair com a narrativa”, alerta.

CORREIO traz fascículos para revisão

O CORREIO publica, até o dia 13 de janeiro, 17 fascículos especiais do 14º projeto Revisão Enem 2020. Na semana passada, o tema foi Matemática  e Suas Tecnologias. Nesta semana, o caderno traz questões de Ciências da Natureza e suas tecnologias.

O Revisão Enem 2020 é uma realização do CORREIO, com o patrocínio da UniFTC e o apoio da SAS. Com simulados on-line, disponibilizados no site do jornal (www.correio24horas.com.br), os conteúdos contam com questões objetivas, realizadas pelo SAS Educação, para os estudantes testarem os seus conhecimentos em todas as disciplinas.

“É um projeto pensado para facilitar a vida do estudante nessa reta final. Os conteúdos são desenvolvidos para abranger todas as 120 habilidades cobradas e os assuntos mais recorrentes nas provas, para que o aluno descubra uma forma dele se aproximar mais da realidade do exame,  além de disponibilizar as videoaulas com as resoluções para que o aluno também aprenda o conteúdo que ainda não sabe”, diz o professor Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações Educacionais no SAS Plataforma de Educação. Além disso, sempre às quartas, o site do  CORREIO oferece videoaulas no canal www.correio24horas.com.br/revisao.

“Reunimos em um só lugar materiais inéditos de estudo que serão atualizados semanalmente e ficarão disponíveis para serem consultados sem sair de casa, a qualquer momento, de qualquer lugar, computador ou celular. Toda quarta-feira o estudante poderá ler conteúdos especiais, assistir a videoaulas e realizar simulados para testar os seus conhecimentos nas mais diversas áreas”, diz Vanessa Araújo, coordenadora de projetos do jornal.

Além do conteúdo de revisão disponibilizado no site do CORREIO, a UniFTC oferece, gratuitamente, aulas de revisão para o  Enem com professores renomados de grandes escolas. Uma mais uma oportunidade de estudo gratuito e de qualidade para quem vai fazer as provas. No primeiro dia de exibição, que aconteceu na segunda, a Mega Revisão reuniu mais de 1,5 mil estudantes no ambiente virtual. Para se inscrever no projeto gratuito é preciso apenas acessar o site http://bit.ly/MegaRevisãoEnemUniFTC2020.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro

 

Crédito: Correio 24 horas.

 

 

 

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