A constatação dos pesquisadores foi divulgada em um artigo na The Lancet com o título “Younger Brazilians hit by COVID-19 – What are the implications?” (“Brasileiros mais jovens atingidos pela Covid-19: quais são as implicações?”, em tradução livre).
Segundo a CNN, em janeiro de 2021, a média de idade dos pacientes que tinham mais chances de desenvolver a forma grave da doença era 66 anos. No mês de junho do mesmo ano, a média passou a ser de 51 anos. O doutor Daniel Villela, um dos pesquisadores do estudo, afirma que “no início do ano, mais de 50% dos casos eram graves e tínhamos mais pessoas acima de 60 anos. Agora já é o contrário: mais da metade dos casos de internação são de pessoas com menos de 60 anos. A vacinação começou com a priorização dos mais idosos e a população economicamente ativa ficou mais exposta ao vírus”, explicou Villela.
O estudo afirma que, além do fator de prioridade de vacinação para os idosos, o surgimento de variantes no Brasil e a baixa oferta de auxílio emergencial para as pessoas mais pobres causaram mais contaminações com a doença por parte dos jovens, já que mais pessoas precisaram sair de casa para trabalhar.
O pesquisador da Fiocruz afirma, no entanto, que a situação pode ser contornada com a imunização desse público. “Tendo mais casos em pessoas mais jovens, a maioria se recupera, mesmo em casos graves. Em outros países temos observado que com a entrada de variantes, como a Delta, o número de casos até aumentou, mas o número de óbitos não, por conta da vacinação. Mesmo com essa redução, o nível de transmissão no Brasil ainda é muito alto. Ainda é preciso fortalecer o sistema hospitalar e manter as medidas de prevenção. A gente espera um número menor de óbitos, mesmo com uma quantidade alta de casos”, contou o pesquisador.
Crédito: BNews