Músico baiano cita “depressão aparente” ocasionada por pandemia
Sem se apresentar por conta da pandemia de coronavírus, o cantor Gerônimo Santana falou sobre a esperança de dias melhores. Em entrevista a Mário Kertész e Malu Fontes hoje (29), durante o Jornal da Metrópole no Ar da Rádio Metrópole, ele deu um depoimento pessoal sobre o que tem sentido durante a quarentena. Desde o início da pandemia, Gerônimo se apresentou em duas lives na internet. Desde então, o artista evita se arriscar em novas apresentações.
“Estou com uma depressão que é aparente, não é nada. Mas não sinto vontade de tocar violão, de cantar. É para eu ter esse estímulo, mas muitas vezes eu fico olhando e é como a música de Djavan: ‘Morrer de sede em frente ao mar’. É assim que eu me sinto”, comentou Gerônimo.
Questionado, o cantor falou sobre o panorama musical e como os outros artistas estão lidando com a pandemia e o isolamento. Ele citou o show Virada Salvador, que seria realizado no Réveillon no Forte São Marcelo, com apresentação de Gustavo Lima e Ivete Sangalo, mas acabou cancelado por conta da segunda onda de Covid-19.
“A classe artística musical na Bahia é muito frágil. Agora, há pouco tempo atrás, quando aconteceu que o prefeito queria fazer uma live com Gustavo Lima e Ivete Sangalo, alguns artistas ficaram magoados por não terem sido convidados. Um repórter perguntou ao prefeito como ele via isso e o prefeito foi infeliz em dizer que era olho gordo, dor de cotovelo. Na verdade, não é isso. Nós somos a cidade da música, é assim que a gente é colocado no Brasil e no mundo. Tantos artistas estão tentando trabalhar e fazer alguma coisa”, disse.
“O dinheiro que cada artista ganha, ele gasta aqui. Ele se multiplica aqui. Quem vai concordar com isso? É legal ser chamado para ganhar 1 milhão, meu deus do céu. É uma alegria. Mas ao mesmo tempo é um perigo”, declarou Gerônimo.
“Eu penso e temos que pensar em alternativas. Se tem uma mídia, uma rádio, vamos fazer a caixa alta e enriquecer a Bahia com seus artistas e a Bahia com o seu consumo. Sou muito suspeito, cada um tem sua necessidade que lhe põe o pé. Mas eu prefiro morrer de fome do que arriscar a minha vida, a de pessoas, em relação a estes tipos de show”, comentou.
Gerônimo disse que espera um exemplo por parte dos outros músicos para a sociedade. “Tenho esperança de que a gente dê um exemplo de obediência civil. Eu me lembro quando era criança, minha mãe dizia: ‘Cuidado quando for para rua porque o cecéu vai te comer. A gente tem que dizer isso verdadeiramente para as pessoas. Ainda está na cabeça dessas pessoas que isso não vai acontecer com elas. O que acontece é que é um trabalho que todo artista deveria fazer, capitaneado e falando sobre os problemas. A pessoa pode até se curar, mas é muito perigoso”, falou o cantor.
Crédito: Metro1.