Há três anos, a família de Vitória Charleane dos Reis Mata não comemora a chegada do ano novo. Desde 2017, após a então jovem de 17 anos sair para festejar 2018 no Subúrbio Ferroviário de Salvador, a tia dela, Eliana Bárbara, de 50 anos, só sabe o óbvio: após o desaparecimento e dias de angústia, a ossada da menina foi localizada no mês de junho, perto da casa onde a adolescente morava com a família, em Águas Claras.
Os ossos de Vitória estavam em uma área próxima à Rodovia Engenheiro Vasco Filho (BR-324) e do retorno para o bairro de Águas Claras. Ela ainda usava as roupas do Réveillon, mas a perícia do Departamento de Polícia Técnica da Bahia não determinou a causa da morte e as investigações policiais, que ficaram sob a responsabilidade do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), não apontaram nenhum suspeito.
“Até hoje não sabemos como isso [a morte] aconteceu. Isso é porque Vitória é filha de pobre. Não é filha de político nem de famoso, é só mais uma adolescente que acontece uma tragédia”, desabafou a tia, em entrevista ao Aratu On, após mais um ano sem respostas das autoridades.
Por conta do tempo, Eliana contou que já está perdendo as esperanças de o culpado ser apontado pela polícia. “Antes, eu ia lá no DHPP sempre, mas ultimamente parei de ir, porque falam a mesma coisa: ‘estamos investigando’. É complicado, no meio da pandemia, pegar um ônibus lotado e arriscar a vida da minha mãe idosa pra ir lá e ouvir a mesma coisa. Ninguém dá uma resposta concreta, eu já perdi o gosto o ir”, relatou.
A reportagem do Aratu On entrou em contato com a Polícia Civil para saber o andamento das apurações, mas não obteve retorno.
RELEMBRE
Vitória saiu de casa na companhia de mais duas jovens: uma amiga e uma prima, filha de Eliana. O plano das meninas era curtir a festa que ia acontecer na praia de São Tomé de Paripe. A vítima chegou a participar dos festejos, mas decidiu, por volta das 22h, retornar para casa.
As amigas acreditaram que pudesse ser pelo fato da mãe de Vitória ter morrido pouco antes e tentaram impedir a volta, pegando seus sapatos e cartões, mas ela insistiu para ir para casa mais cedo. Quando as duas chegaram em casa, mais tarde, descobriram que a adolescente não voltara.
Na época, a família da jovem chegou a cogitar suspeitos. “A gente tinha um suspeito, informou pra polícia, tudo direitinho, ele foi ouvido, mas a polícia não deu jeito. Hoje eu nem sei mais onde ele está, se ainda está vivo”, contou Eliana, na época.
Crédito: Aratu On.