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Comprar item das marcas próprias dos mercados traz economia de 35% por produto

Consumidores recomendam testar a qualidade antes de fazer uma grande aquisição
Comprar item das marcas próprias dos mercados traz economia de  35% por produto
Fotos: Wendel de Novais/CORREIO

As idas ao supermercado têm pesado cada vez mais no bolso do consumidor, portanto, ter estratégias para economizar é importante. Dentre as táticas da dentista Caroline Silveira, 49 anos, está levar produtos da marca própria dos mercados. A ideia é boa, já que comprando esses itens assinados pelas redes de supermercados é possível economizar até mais de 35% por produto na comparação com outras mercadorias de empresas líderes.“Eu sabia que as marcas do mercado eram mais baratas, então, experimentei para descobrir qual vale mais. Ao fazer minhas compras, sempre comparo os preços e vejo o aspecto dos itens, e aí decido qual marca levar”, comenta Caroline.

A Educadora Financeira Comportamental Meire Cardeal aponta que esse é o caminho certo. De acordo com ela, a composição do produto é o ponto principal e, se a qualidade for boa, optar por itens da marca do mercado deve valer a pena, pois o preço cai devido à redução do custo de marketing embutido nos itens. No GBarbosa, os produtos da marca própria permitem uma economia entre 5% e 30% a depender do setor. A rede possui mais de mil itens dentre os que levam a assinatura GBarbosa nas categorias alimentos, perfumaria e limpeza, e a marca própria KREA, voltada para as categorias de Bazar. Um desses itens é o suco de uva integral de um litro e meio, que sai por R$ 15,99 naa loja do Costa Azul, enquanto o mesmo produto da marca Aurora sai por R$ 17,99, 12% de economia ao levar a marca própria.

Segundo a responsável Marca própria na Bandeira GBarbosa, Lílian Suelen, a rede vai lançar novas mercadorias nas categorias de cuidados pessoais adulto e infantil, pet, produtos saudáveis, além de incrementar grupos já existentes com itens complementares e embalagens econômicas.“Estamos atentos às oportunidades de ampliar os produtos de marca própria para a maioria das categorias, já que nosso objetivo é entregar qualidade com custo benefício para nossos clientes”, afirmou.

Extra e Pão de Açúcar

Ao comprar produtos das marcas próprias do Extra e Pão de Açúcar, o cliente também consegue um preço até 30% mais barato em comparação com as líderes do mercado. As mesmas marcas exclusivas são vendidas em ambas as redes, que integram o grupo GPA. Os produtos com a assinatura da bandeira atendem categorias como limpeza, alimentar – tanto mercearia como perecíveis, vinhos, higiene pessoal, artigos para casa e decoração.

Na Bahia, o Pão de Açúcar e o Extra trabalham com sete marcas próprias. Com a Qualitá, as empresas oferecem produtos para a rotina, abrangendo desde alimentos até limpeza. Já a Taeq tem um foco em alimentação saudável, com destaque para produtos orgânicos. No setor de bebidas, o Club des Sommeliers oferece mais de 90 rótulos de vinhos selecionados com curadoria do especialista e sommelier Carlos Cabral. As cervejas especiais ficam por conta do selo Fábrica 1959, que possui quatro rótulos. Os mercados ainda vendem, de forma exclusiva, a marca Finlandek, de artigos para casa e decoração; já a Casino trabalha com itens importados de produtos gourmets diferenciados; e a Nous é uma linha de produtos de higiene pessoal.

O molho de tomate é um bom exemplo de desconto quando é feita a comparação de preços. No Extra da Rótula do Abacaxi, o molho da Qualitá custa R$ 1,88, valor bem inferior ao da marca Heinz, que sai por R$ 2,45. Ao comprar a marca própria, o cliente tem, aproximadamente, 23% de desconto.

Valor do molho de tomate Qualitá (Foto: Wendel de Novais/CORREIO) Valor do molho de tomate da Heinz (Foto: Wendel de Novais/CORREIO)

No Extra também dá para comprar arroz e feijão de marca própria e economizar. Lá, no atacado, o arroz da Qualitá sai R$ 5,79 enquanto o da marca Emoções custa R$ 6,29, uma diferença de aproximadamente, 9%. Já no caso do feijão, o Qualitá é vendido por R$ 6,99 e o Kicaldo por R$ 8,19, o que representa um desconto de, aproximadamente, 15%.

Tanto no Extra como no Pão de Açúcar do Costa Azul dá para achar produtos da Finlandek, que também trazem preços inferiores ao de outras marcas. Um conjunto com cinco cabides da marca, por exemplo, saem R$ 14,99 enquanto um conjunto da Primafer, com a mesma quantidade, custa R$ 19,99, economia de 25%. Ainda no Pão de Açúcar, para quem gosta de cerveja, também existem boas oportunidades. Lá, 500ml da cerveja artesanal da Fábrica 1959 sai por R$ 10,59 enquanto a mesma quantidade de cerveja artesanal da Colorado sai R$ 14,49, diferença de 27%.

Quem tem optado pelas marcas próprias atraído por preços como esses é o ator Emerson Sant’anna, 30, que viu nelas uma boa oportunidade para driblar o aumento nos custos dos itens que estão inclusos na sua feira mensal. “Tem sido uma opção vantajosa consumir produtos de marcas dos próprios mercados. Os valores são mais baratos que a maioria das marcas conhecidas. Em geral, eu vejo vantagem no consumo dos produtos dessas marcas. Ainda mais agora que, além do aumento do preço de produtos básicos, muitas pessoas ficaram sem emprego”, afirmou.

Atakadão Atakarejo

A marca Ekobom, que é exclusiva da rede Atakadão Atakarejo, possui um preço de 5% a 10% menor que os dos líderes de mercado. Criada no final de 2018, a assinatura da bandeira oferece cerca de 100 produtos em diversas categorias, como perecíveis, alimentos, bebidas, higiene, perfumaria e limpeza.Para o Diretor Comercial e de Marketing do grupo, Milton Amorim, o principal diferencial da Ekobom é combinar a qualidade do produto líder com o preço inferior permitindo que o consumidor possa ter acesso a mercadorias de qualidade por um valor justo.

Um exemplo é o papel higiênico Ekobom, que vem com 16 rolos e custa R$ 15,45. A mesma quantidade de rolos da marca Neve vale R$ 24,45 no local, resultando em um desconto de, aproximadamente, 37%.

A estimativa da presidente do movimento de donas de casa e consumidores da Bahia, Selma Magnavita, é de que trocar os produtos de grandes marcas por outros do próprio mercado pode reduzir em 22% o valor de uma compra grande.

Uma consumidora que já aposta nessa estratégia para reduzir os custos das compras é Odésia Amâncio, 65, servidora pública que sempre testa os produtos de marca própria. Segundo ela, quando eles agradam, não saem mais da lista. “Eu compro porque eles são mais em conta, acho que é pela Ekobom ser uma marca nova. Compro sempre leite, biscoito e outras coisas. Eu não conhecia, mas testei e passei a colocar na lista. O valor me atraiu e a qualidade é parecida com as de marcas mais tradicionais”, relatou.

O CORREIO procurou a Associação Bahiana de Supermercados (Abase) para comentar o assunto, por meio do presidente, Joel Feldman, e da vice-presidente de Comunicação, Amanda Vasconcelos, mas as tentativas de contato foram feitas nos dias 21, 24, 25, 26 e 27 de dezembro.

Qualidade x preço

As redes de supermercado garantem que os seus itens são mais baratos, mas a qualidade se mantém a mesma que a dos líderes de mercado. O diretor de Marcas Exclusivas do Pão de Açúcar e do Extra, Eduardo Finelli, aponta que a empresa possui um nível de exigência altíssimo para liberar uma mercadoria para a venda, com projetos que levam até dois anos para atingir o produto final e, assim, se certificar da qualidade oferecida aos clientes.“O principal objetivo é oferecer produtos de qualidade a um preço mais competitivo para os nossos consumidores, o que se traduz, também, em um sortimento exclusivo para as nossas lojas. Trabalhamos com consistência para entregar qualidade com preço baixo em todas as nossas marcas exclusivas”, afirmou Finelli.

Segundo a empresa, os itens exclusivos são bem recebidos pelos clientes. Fineli informa que a rede identificou crescimento de 30% nas vendas das marcas exclusivas como um todo segundo dados da empresa de pesquisas Nielsen, o que, de acordo com ele, é bem acima do desempenho registrado pelo segmento de marcas exclusivas. Dentro desse cenário de crescimento, no último semestre, o destaque foi para produtos utilizados para refeições dentro de casa, como óleos, leite condensado, grãos, farináceos, azeites, creme de leite e queijos. A maior necessidade de limpeza do lar trazida pela pandemia também impulsionou a venda de itens da categoria, como esponja de lã e aço, detergente líquido, toalha de papel e luva de limpeza.

“Percebemos, ainda, que além de comprar o essencial, os clientes não abriram mão de certas categorias, como as de indulgência, o que é comprovado pelo crescimento de vendas de doces e sobremesas, biscoitos salgados e salgadinhos. Isso pode ser explicado pelo fato de os momentos de lazer também terem ficado restritos ao ambiente de casa em meio à pandemia, e, por isso, os clientes compraram mais desses produtos para ter essa experiência dentro do lar. Todas essas categorias tiveram um crescimento de 60% nesse período no comparativo com o mesmo período do ano passado”, informou o diretor.

Para as redes Extra e Pão de Açúcar, Salvador é uma das praças em que as marcas exclusivas mais ganharam representatividade em 2020, em relação ao segmento disponível na praça.O Atakarejo também tem uma boa experiência com a sua marca própria. A empresa afirma que entre 30% a 40% dos clientes que compram nas lojas da rede adquirem a Ekobom nas mais diversas categorias.

Dentre os consumidores há uma divisão entre os que nem testam os produtos de marcas próprias e aqueles que já têm suas opções preferidas. A Educadora Financeira Comportamental, Meire Cardeal, alerta que, para economizar, o ideal mesmo é estar aberto a novas marcas. “Testar outras marcas é a única maneira de saber se o produto irá satisfazer e, assim, economizar. Os produtos de marcas conhecidas agregam ao preço o custo do marketing e isso encarece bem o item. Será bom desapegar das marcas e ir testando, isso poderá gerar uma boa economia”, indicou.

Foi fazendo testes que Caroline Silveira descobriu que os produtos de limpeza das marcas dos mercados não satisfazem, mas outros itens, como enlatados e grãos, são uma boa compra. “O detergente e o amaciante rendem menos e eu acabava tendo que usar mais para lavar a roupa e os pratos. Com isso, o desconto acaba não valendo a pena”, comentou. Apesar do atrativo dos preços baixos, a aposentada Itaitara Magalhães, 70, foge das marcas próprias dos mercados desde que teve uma experiência ruim. Ela acredita que esses produtos não são feitos com uma grande preocupação com a qualidade. “É um duplo prejuízo porque você gasta com uma coisa e ela não é boa”, disse.

Para não se decepcionar, Itaitara indica pedir uma referência para algum conhecido que já tenha usado a marca mais barata. “Se você não tiver uma referência, leva para testar e descobrir se vale a pena. Sem isso não tem muito como saber da qualidade do produto”, indicou a aposentada.

Dicas para fazer boas compras

Para fazer boas escolhas ao comprar de marcas próprias, Selma Magnavita indica sempre ficar de olho na qualidade e não ser atraído apenas pelo preço mais baixo. Ela afirma que a qualidade é flutuante a depender do fabricante. “Também acontece dos produtos terem a mesma qualidade, mas o mais barato tem uma gramatura menor, o que pode fazer com que ele saia mais caro ao fazer a comparação por grama. Temos que ficar atentos para não acabar sendo lesados”, explicou.

Para saber da qualidade de um produto do mercado, Selma afirma que é preciso observar a apresentação do alimento, analisando se o produto não está quebradiço, se não possui muitos ciscos, no caso dos grãos.“Ao comprar o arroz tem que olhar se ele é tipo 1, se os grãos não estão quebrados, se não estão com ciscos. Às vezes, durante a limpeza de um arroz mais barato, se retira 50g a 100g de porcaria, como pedrinhas. Isso faz o produto ficar mais caro porque uma parte do peso da embalagem é jogada fora”, comentou Selma.

Pesquisar bem os produtos e comparar os preços é fundamental, ainda segundo Meire Cardeal. A educadora financeira comportamental afirma que é necessário analisar a quantidade oferecida por cada produto, bem como sua composição. “Um olhar mais dedicado ajuda muito na melhor decisão. É importante, também, verificar horários e dias mais tranquilos e ir com tempo às compras, além de checar, antes, os mercados, atacadões, que oferecem melhores preços”, recomendou.

Para economizar, ela ainda indica sempre montar o cardápio do mês para guiar as compras; fazer e seguir uma lista de compras, checando o que ainda tem na dispensa; definir um limite para gastar; não ir ao supermercado com fome, com pressa ou com crianças; verificar a validade dos produtos; e buscar promoções e produtos da época.

Em caso de compras em grande quantidade, o dono da Red Box Pizza, em Salvador, Roberto Campello, 31, aconselha adquirir o número de produtos que dá desconto nos mercados por atacado. Por exemplo, existem promoções que ao levar 5 unidades de queijo, cada item fica mais barato do que caso apenas 4 fossem comprados.

“Faço o controle de cotação a cada 15 dias, se percebo que um produto aumentou muito o preço com os fornecedores diretos, tento buscar esse item no supermercado e levo o estoque todo”, indicou. Mesmo quando não vai comprar um item, Roberto sempre olha o valor dos produtos usados pela pizzaria no mercado. Diferente das casas onde pode ser mais fácil trocar um produto, Roberto explica que os itens usados na pizzaria tendem a permanecer os mesmos de quando a receita foi testada. Sendo assim, as marcas pouco variam.

“Na pizzaria, não usamos produtos de marca própria por conta da qualidade. Escolhemos marcas conhecidas e de excelência. Nas poucas vezes que tentamos trocar por algo mais em conta, até por sugestão do fornecedor, não obtivemos a qualidade esperada. Geralmente, marcas mais baratas possuem um bacon mais salgado, o que demanda mais processos fazendo o barato sair caro, por exemplo”, afirmou. Segundo Selma, existiu um período em que os consumidores já iam atrás dos produtos da marca do mercado por saber do valor mais baixo, mas isso foi acabando com o tempo e, hoje em dia, é feito uma pesquisa para balancear a boa qualidade e o menor preço.

De onde vem o preço baixo

A redução dos preços é possível pela retirada do peso do investimento em marketing nas marcas próprias. A responsável Marca Própria na Bandeira GBarbosa explica que os produtos alimentares que possuem a marca da rede de supermercados não precisam receber um investimento tão alto em marketing por já ganharam a força do nome do mercado, que é associado à qualidade. “Também trabalhamos com embalagens mais econômicas. Já na categoria de bazar, por exemplo, importamos grande parte dos produtos com preços competitivos”, informou Suelen.

Além da redução de alguns custos comuns a marcas da indústria, o diretor de Marcas Exclusivas do Pão de Açúcar e do Extra, Eduardo Finelli, aponta que a rede também faz negociações comerciais em grande volume com os fornecedores, o que reduz o valor final do produto.

Crédito: Correio 24 horas.

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