Categoria:

Há 40 anos, era assassinada Florípes, a primeira travesti assumida das ruas de Salvador

Conhecida como Alegria da Cidade, suas performances marcaram a vida da capital baiana nos anos 1960 e 70

Há 40 anos, era assassinada Florípes, a primeira travesti assumida das ruas de Salvador
Foto: Reprodução

Dentre as figuras icônicas da Salvador dos anos 1970, uma das mais marcantes é, sem dúvida, o homossexual Florípes. De difícil classificação, às vezes é descrito como travesti, noutras como drag-queen (termo que não se utilizava em sua época), sempre, porém, com destaque ao seu pioneirismo. “Florípes, pioneira drag-queen de Salvador, assassinada em 1984”, escreveu na legenda de uma postagem no Facebook, nesta quarta (17), o antropólogo, decano do movimento LGBTQIA+ brasileiro e fundador do GGB (Grupo Gay da Bahia), este também um pioneiro, Luiz Mott.

No livro “Anos 70 Bahia” (Corrupio), de Sérgio Siqueira e Luiz Afonso, Florípes, nome “artístico” de Benito Matos, é figura de destaque entre outros nomes como o Guarda Pelé e a Mulher de Roxo. “Florípes, um dos personagens que habitavam o Pelourinho, não dispensava um galho de arruda atrás da orelha. Era o seu amuleto”, diz o depoimento de Lígia Aguiar.

E Eurico de Jesus completa: “Quando ele passava rebolando e cantando, vestido com roupas coloridas e extravagantes, a molecada irreverente gritava: ‘Florípes, viado!’. Elegantemente ele seguia, caminhando lentamente e, muitos metros depois, pacientemente, ele parava, olhava para trá, suspirava, revirava os olhos, colocava as mãos nas cadeiras e respondia com voz de homem, estirando as vogais: ‘SÓÓÓ NAAA BAAAHIIIAAAAAAA!’ O povo na rua explodia em risos e aplausos, atrapalhando o trânsito. Um verdadeiro teatro neorrealista soteropolitano nos confins dos belos trópicos utópicos!”.

Crédito: Metro1

Compartilhe:

Notícias relacionadas
BANNER_740X450px_GIF